Na última sexta-feira, 26, aconteceu em Pirapora, no Centro de Convenções, o projeto Diálogos Hidroviáveis – Programa de Integração Permanente de Iniciativas para o Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias Brasileiras. O evento que percorreu outras duas cidades mineiras, Alfenas e Três Marias é uma inciativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
O intuito dos diálogos era debater a navegação associada à geração de energia, turismo, meio ambiente, promoção social e desenvolvimento regional. Para isso, foram convidadas autoridades políticas e a sociedade civil, que no decorrer do evento puderam apresentar e conhecer o atual estágio de implantação das hidrovias, quais os entraves e impactos regionais e nacional, visando um planejamento de curto e médio prazo, para o fomento deste modal.
Em Pirapora, além das conversas sobre a revitalização do rio, fomento do turismo náutico e ecoturismo, houve debates em torno da importância da hidrovia do Rio São Francisco para o desenvolvimento econômico e social da região. Para este contexto foi citado as potencialidades para o escoamento da safra agropecuária através da navegação.
Segundo o subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável de Minas Gerais, Amarildo José Bumano Kalil, a região tem um potencial enorme para a agricultura, além do solo estar num lugar estratégico, com escoamento de produtos por rodovia e principalmente pelo rio, se usado de forma correta. “Nosso foco é agricultura sustentável e claro como escoar essa produção. E dentro de uma bacia hidrográfica ou sub-bacia é preciso ter governança sobre o uso dos recursos naturais, porque dentro de uma bacia você pode ter agricultura, pecuária, mineração e turismo. Você tem uma série de outras atividades que ocorrem neste espaço. Então a gente tem que pensar bacia num contexto global. E como a agricultura está inserida dentro é preciso planejar o uso dos recursos existentes, isso inclui usar as hidrovias para baratear o frete e agilizar o escoamento da produção. Portanto, é preciso um plano de adequação da bacia, ou seja, identificar o que não está adequado para questão ambiental, para que rio desempenhe também um papel na questão social e econômica, através da hidrovia”, salienta Amarildo.
E, para o engenheiro especialista em Gestão Ambiental para Área de Transportes, Luis Felipe de Carvalho Ferreira, escoar mercadorias pela hidrovia, principalmente se falando em Rio São Francisco, é possível e viável. “O rio é navegável, existem alguns pontos críticos que já foram mapeados, porém, já sabemos quais correções são necessárias. Inclusive há projetos para melhorias desses pontos críticos. Mas podemos afirmar que o rio é navegável 24 horas por dia, desde que esteja balizado – pois não se faz isso a cinco anos, com os desassoreamento em dia e com as obras implantadas”, afirma Felipe.
Para o vice-prefeito de Pirapora e presidente da Empresa Municipal de Turismo-Emutur, Orlando Pereira Lima, que no evento representou a prefeita Marcella Fonseca, é preciso revitalizar o rio e, paralelo a isso, é necessário realizar ações concretas para a conscientização dos ribeirinhos, dos empresários e dos políticos, para que de fato o rio volte a ser navegável. “Precisamos de atitudes e propostas concretas. Temos que sair desse patamar da discussão, para colocarmos em prática as ações. O Rio São Francisco está agonizando. Antigamente as riquezas do Brasil eram transportada através do Velho Chico, então, o objetivo aqui é tornar o rio de fato uma hidrovia, por isso, fico feliz de receber esses Diálogos Hidroviáveis, com a esperança de tornar a navegabilidade possível, pois isso será fundamental para o desenvolvimento da cidade”, argumentou Orlando.
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda também falou sobre a importância da revitalização da bacia do São Francisco. “Precisamos mudar nossa cultura e pensar de forma sustentável o uso múltiplo da água. Não podemos enxergar, por exemplo, aqui na região por causa da represa, o rio só serve como gerador de energia. É preciso derrubar esse mito. Se revitalizamos a bacia e fazer uma gestão sustentável e consciente teremos um rio navegável gerando renda e economia para o país, tanto no turismo como no transporte de carga, pois já foi confirmado que o transporte rodoviário é 9 vezes mais caro que o hidroviário”, observa Anivaldo.
Além do vice-prefeito, estiveram presentes no evento o Secretário de Desenvolvimento, Emprego e Renda, Darci Maia, o Secretário de Projetos e Planejamento, Luiz Antônio Pulchérioo, o Secretário de Obras, Infraestrutura e Urbanismo, José Márcio Liguori e o diretor do geral do SAAE-Pirapora, Esmeraldo Santos, acompanhado de colaboradores da autarquia.